domingo, 6 de junho de 2010

Ludicidade na Educação

Acomodados que estamos ainda em aulas estanques e conservadoras, poucos professores se aventuram em proporcionar e fazer da sala de aula um lugar alegre e de brincadeiras, que possibilitem aos alunos a vontade de estarem nesse ambiente e que ele lhes traga uma convivência rica e uma interação prazerosa. As aulas explicativas, vão aos poucos, se tornando interativas e lúdicas, pois somos oriundos de uma cultura onde na escola se aprende os conteúdos, se presta muita atenção e que as brincadeiras ficam para outros momentos, ditos adequados.
Procuro diariamente me distanciar cada vez mais, desse modelo tradicional de sala de aula e de educação, pois através da brincadeira a criança vivencia o lúdico, se conhece e se descobre, exorciza suas angústias e desenvolve sua criatividade, projetando na brincadeira um mundo de faz-de-conta onde são, efetivamente, os protagonistas de suas criações dando significação ao seu imaginário.
“O maior obstáculo ao uso das brincadeiras em sala de aula é a insegurança do professor’(Tânia Fortuna)”.
“Ele deve aprender a renunciar ao controle, permitindo que os grupos façam atividades diferentes ao mesmo tempo, e que ele deixe de ser o eixo”. Lendo e pensando sobre o teor dessas colocações em leituras realizadas na Interdisciplina Ludicidade e Educação percebi, que muitas vezes, nos imobilizamos e não propomos aos alunos esses momentos lúdicos, por medo da desorganização, do descontrole, do movimento que o ato de brincar proporciona. Mas por que o medo se todo o processo criativo vem do movimento e das ações?
Hoje, tenho certeza que o professor não deve apenas se inserir nas brincadeiras como mediador, pois sua participação efetiva no ato de brincar é muito importante, pois quando brincamos junto com nossos alunos, eles se sentem acarinhados e valorizados, sendo essa participação uma forma de demonstrar a importância da brincadeira e de materializar o afeto que esse gesto transmite.
Não devemos dissociar o brincar do estudar, mas sim buscar reciprocidade nas duas ações. Conforme diz Tânia Fortuna “uma aula ludicamente inspirada, não é necessariamente aquela que ensina conteúdos com jogos, mas aquela, mas em que as características do brincar estão presentes, influenciando no modo de pensar do professor, na seleção de conteúdos, no papel do aluno”.
A sala de aula não deve, portanto, oportunizar apenas momentos estanques do brincar, como o brincar no recreio cheio de proibições, limitações ou regras, a caixa de brinquedos onde apenas é permitido que seja utilizada momentos antes de bater para a saída, com minutos previamente estabelecidos, sem deixar que a casinha de bonecas seja concluída e vivenciada.
Ao contrário, a ludicidade deve estar presente e profundamente inserida no fazer pedagógico, de forma natural, oportunizando todos os momentos possíveis para que as crianças se encontrem, se revelem e que através da brincadeira, dos jogos, ajam e interajam com o meio, possibilitando a construção de sujeitos mais felizes.

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